Transformando o Viver: Abordagens Holísticas para um Mundo Regenerativo

Como podemos enfrentar os desafios complexos do nosso tempo?

Qual é a importância de uma visão sinérgica e sistêmica ?

Como as abordagens teóricas e práticas podem nos guiar para um mundo regenerativo?

Quais as abordagens para uma visão integral e holística e quais os princípios fundamentais compartilhados por essas abordagens?

A intersecção das abordagens do pensamento sistêmico, teoria da complexidade, teoria dos sistemas vivos, Teoria dos sistemas sociais, fenomenologia sistêmica e a ecologia profunda nos embasa a pensar e agir o design de culturas regenerativas.

Na busca por soluções inovadoras e regenerativas, a intersecção das abordagens do pensamento sistêmico, teoria da complexidade, teoria dos sistemas vivos, fenomenologia sistêmica e ecologia profunda emerge como uma fonte de inspiração para um futuro regenerativo. Ao integrar essas perspectivas, somos desafiados a transcender as fronteiras disciplinares e a adotar uma visão mais ampla, holística e consciente dos sistemas complexos que nos cercam.

O design regenerativo, abordagem teórico-prática que visa criar soluções bioéticas de impacto restaurativo, conciliatório para a regeneração, encontra nas interseções dessas abordagens uma base sólida para transformar o mundo em um lugar mais harmonioso, equânime e justo. A sinergia dessas abordagens proporciona insights valiosos para a compreensão e ação em relação aos sistemas complexos em que vivemos.

É importante entendermos inicialmente quando surge cada uma dessas abordagens, compreendendo o contexto de quando e onde surgem, para então evoluirmos nosso entendimento sobre a intersecção dessas abordagens a ponto de compreendê-las como fundamentos integrantes do Design Regenerativo.

  • Fenomenologia Sistêmica: A fenomenologia sistêmica emergiu como uma extensão da fenomenologia filosófica no final do século XIX e início do século XX, com pensadores como Edmund Husserl, Martin Heidegger e Merleau Ponty explorando as bases filosóficas dessa abordagem, suas experiências. Essa abordagem, bebe na fonte das práticas contemplativas do oriente. Além da origem, nossa principal referência em Design Regenerativo é Bert Hellinger com as constelações sistêmicas e Otto Scharmer com a teoria U.
  • Teoria dos Sistemas Vivos: A teoria dos sistemas vivos, sobre uma abordagem orgânica, começou no início dos anos 20 do século XX, com Ludwig von Bertalanffy sendo um dos principais pioneiros. Seu livro “Teoria Geral dos Sistemas” trazia a ideia que o todo é maior que a somatória de todas as partes (2>1+1), constituindo uma inteligência autorreguladora própria do organismo vivo. Na segunda metade do século XX e até hoje, uma de nossas maiores referências no assunto é Fritjof Capra, fundamental para o Design Regenerativo.
  • Pensamento Sistêmico: O pensamento sistêmico se desenvolveu durante o século XX, com uma contribuição significativa de Jay Forrester, Gregory Bateson, Humberto Maturana, entre outros. Embora não haja um marco específico de início, a década de 1950, com o pós segunda guerra mundial, foi um período importante para o surgimento dessa abordagem. Em Design Regenerativo é premissa pensar sistematicamente.
  • Teoria da Complexidade: A teoria da complexidade começou a se desenvolver nas décadas de 1960 e 1970, com contribuições de pensadores como Ilya Prigogine, Stuart Kauffman, entre outros. Prigogine, Prêmio Nobel de Química em 1977, propôs uma abordagem para compreender os sistemas complexos que se desviam do paradigma tradicional da física clássica, focando em sistemas abertos, em não equilíbrio e em processos de auto-organização. Edgar Morin, muito por seu enfoque em educação e aprendizagem, é uma de nossas principais referências.
  • A Teoria dos Sistemas Sociais começou a ser desenvolvida no inicio da segunda metade do século XX, especialmente nas décadas de 1960 e 1970, quando começou a ser formalizada e aplicada em várias disciplinas das ciências sociais. O sociólogo alemão Niklas Luhmann é amplamente reconhecido como um dos principais teóricos associados à teoria dos sistemas sociais, por suas obras publicadas nas décadas de 1970 e 1980.
  • Ecologia Profunda: A ecologia profunda surgiu nas décadas de 1970 e 1980, com Arne Næss sendo um dos principais formuladores desse conceito. Ele cunhou o termo “ecologia profunda” para descrever uma abordagem mais holística e interconectada em relação ao meio ambiente. Em Design Regenerativo, nossa principal referência é Joanna Macy, que no decorrer de sua vida e carreira, aprofundou e elaborou metodologia própria com o TQR – Trabalho que Reconecta para a transformação pessoal e de grupos humanos a partir dessa abordagem.

Resumindo muito, podemos dizer que a essência e diferencial de cada uma dessas abordagens são:

  • Fenomenologia sistêmica e a experiência subjetiva: Vivência da experiência subjetiva e da compreensão dos fenômenos a partir da perspectiva do sujeito. Ênfase na influência da percepção e interpretação na construção de significados.
  • Teoria dos sistemas vivos e interdependência: Reconhecimento da interconexão e interdependência entre os seres vivos e seu ambiente natural. Destaque para uma visão holística dos sistemas vivos e a importância da vitalidade do organismo. Compreende o planeta Terra como organismo vivo.
  • Pensamento sistêmico e visão holística: A importância de compreender os sistemas como um todo, considerando as relações e interações entre seus componentes. Destaque para a visão holística e a consideração das dinâmicas de autopoiese, recursividade e retroalimentação.
  • Teoria da complexidade e sistemas não lineares: Exploração de sistemas complexos e não lineares, reconhecendo a sensibilidade às condições iniciais e a imprevisibilidade dos resultados. Ênfase na compreensão das dinâmicas emergentes e interconexões dos sistemas abertos.
  • A teoria dos sistemas sociais: em sua essência, destaca a compreensão dos sistemas sociais como entidades complexas e dinâmicas, nas quais os elementos individuais e as interações entre eles são de suma importância. Essa abordagem reconhece que os sistemas sociais são compostos por indivíduos, grupos, instituições e estruturas sociais, e que esses elementos estão interconectados e interdependentes, influenciando-se mutuamente. Por isso a importância de analisar os padrões e as dinâmicas emergentes que surgem dessas interações complexas, destacando a importância das relações, dos contextos e das qualidades relacionais para as funções e a mudança social. Aqui, o pensamento sistêmico e a teoria da complexidade tem foco na sociedade humana.
  • Ecologia profunda e responsabilidade bioética: Proposta de uma mudança de paradigma na relação entre humanos e natureza. Reconhecimento da interconexão de todos os seres vivos e a promoção de uma consciência mais profunda e uma responsabilidade ética em relação ao meio ambiente.

A intersecção dessas abordagens nos convida a revolucionar o futuro, construindo um mundo regenerativo.

Essas abordagens compartilham princípios fundamentais que nos desafiam a adotar uma visão integral, holística e evolutiva do ecossistema complexo que somos.

Ao aplicar essas abordagens em nossa vida cotidiana, podemos promover mudanças positivas em diversos campos, como educação, saúde, gestão de negócios ou planejamento urbano, por exemplo. A sinergia dessas perspectivas nos proporciona ferramentas valiosas para enfrentar os desafios contemporâneos, buscando soluções transformadoras para a regeneração.

Nesse caminho, é essencial continuarmos explorando e integrando essas abordagens, promovendo diálogos interdisciplinares e compartilhando conhecimentos. A transformação para um mundo regenerativo requer uma abordagem coletiva e colaborativa, em que cada um de nós desempenha um papel importante.

Portanto, convido você, leitor(a), a se inspirar nessa intersecção das abordagens sistêmicas e a contribuir para a construção de um futuro regenerativo. Juntos, podemos criar uma realidade em que os sistemas complexos floresçam, promovendo harmonia, equanimidade, justeza, saúde e bem-estar para todas as formas de vida.