Perspectiva Sistêmica nas Organizações e a Liderança que Muda a Cultura

A visão sistêmica organizacional propõe uma abordagem holística da organização, onde cada pessoa e função têm um lugar adequado, reconhecido e respeitado. Isso se refere ao princípio de pertencimento, que assegura que todos os envolvidos na organização têm o direito ao reconhecimento dentro de seu papel específico. Este pertencimento, no entanto, não implica superioridade ou inferioridade, mas sim a ocupação do lugar correto e necessário para o bom funcionamento do sistema organizacional.

A Importância da Ordem e dos Papéis Organizacionais

Dentro de uma organização, a ordem dos papéis desempenha um papel crucial. A ecologia de uma organização, ou seja, a dinâmica relacional entre seus papéis e funções, é o que sustenta sua existência e faz com que ela funcione de maneira saudável. Reconhecer e respeitar essa ordem é fundamental para manter a coesão e o equilíbrio.

Toda organização tem uma estrutura de prioridades que precisa ser considerada para que ela funcione como um sistema. Essa estrutura não é apenas uma questão de hierarquia formal, mas um reflexo das relações dinâmicas que sustentam a organização. É a partir dessa ordem que a organização pode se instituir como um sistema vivo e funcional.

A Origem e a Função Organizacional

Na visão sistêmica, a origem da organização – representada pelas pessoas fundadoras ou pelo conselho com responsabilidades proprietárias – ocupa o lugar de maior importância para o funcionamento saudável do sistema. Esse grupo de pessoas constitui a referência institucional, a fonte a partir da qual as demais funções e papéis são exercidos.

Para que uma organização se mantenha saudável, é fundamental que a origem e a ordem que a segue sejam respeitadas. Todos dentro da organização estão a serviço da função organizacional, e a estrutura precisa ser compreendida e honrada para que o sistema funcione de maneira eficaz.

O Papel da Autoridade e da Ordem Sistêmica

A autoridade dentro de uma organização, do ponto de vista sistêmico, é aceita quando está a serviço da coletividade organizacional. No entanto, quando o poder é exercido de maneira individualista, fora do serviço ao sistema, ele tende a ser rejeitado. Isso se aplica tanto a organizações altamente hierarquizadas quanto àquelas com estruturas mais horizontais. Independentemente do modelo, a liderança é sempre uma questão de ordem.

Os Três Princípios da Liderança Sistêmica

Segundo Jan Jacob Stam (2004), a liderança sistêmica é guiada por três princípios fundamentais que refletem a ordem e o pertencimento dentro da organização:

  1. Reconhecer, honrar e valorizar a origem organizacional: A liderança precisa respeitar aqueles que fundaram e estruturaram a organização, pois foram essas pessoas que assumiram os maiores riscos e tomaram as decisões cruciais para a formação da organização.

  2. Reconhecer, honrar e valorizar os papéis e funções: A hierarquia sistêmica é gerada pela especialização e pelos saberes técnicos que cada pessoa traz para a organização. Reconhecer a importância desses papéis é essencial para o equilíbrio do sistema.

  3. Reconhecer, honrar e valorizar a precedência: Aqueles que estão há mais tempo na organização possuem uma prioridade dentro da hierarquia do tempo. Essa antiguidade traz um nível de respeito que sustenta a continuidade do sistema.

As Posições de Liderança

Na prática, as lideranças podem atuar em duas posições distintas dentro da organização: primeira posição ou última posição.

  • Na primeira posição, o líder é responsável por tomar as decisões mais arriscadas, sendo a ponta de lança que define o rumo da organização. Esse perfil de liderança toma decisões claras e transparentes, sempre visando o bem de todos.

  • Na última posição, o líder reconhece e honra aqueles que vieram antes e escuta as necessidades dos que estão ao seu lado. Aqui, a decisão é tomada após considerar as vozes e o contexto, garantindo que a decisão seja em prol do bem coletivo.

Considerações Finais

Embora esses conceitos possam parecer óbvios, sua aplicação na prática nem sempre é simples. Quando falamos de organização, estamos lidando com sistemas complexos, onde a interação entre as partes nem sempre é linear ou fácil de entender. Na semana que vem, explorarei mais a fundo o tema da liderança, com um foco especial em organizações que buscam implementar autogestão e estrutura distribuída.

Referência:
Stam, Jan Jacob. 2004. A Alma do Negócio.